Apesar de aprendermos, desde pequenos, que o que importa é o interior
, encontramos a excepção nas fachadas. Pensadas como o invólucro
de um edifício, as fachadas podem ser vistas como um cartão de visita do mesmo, denunciando aquilo que podemos dentro dele encontrar em termos estilísticos e arquitectónicos. Bom, reconhecemos que o que realmente importa é a casa ter conforto e, em termos estéticos, ir ao encontro daquilo que os proprietários gostam. Ainda assim, uma fachada feia transmite-nos uma sensação de descuido e não nos convida a entrar. Concorda?
Tradicionalmente, as fachadas constituíam a estrutura do edifício (muros de carga), motivo pelo qual a abertura de vãos era muito limitada. A sua evolução assentou sempre neste facto, ou seja, em tentar abrir superfícies maiores através das quais fosse possível iluminar o interior. Foi com a introdução do aço e do betão armado na construção que as fachadas se libertaram da sua função de suporte. Como exemplo dessa nova estética, temos a Casa Farnsworth de Mies Van der Rohe.
Podíamos classificar as fachadas de inúmeras formas, baseando-nos na sua composição, estilo, ornamentação, design ou época. No entanto, vamos hoje tratar este tema do ponto de vista do material. Com o avanço da tecnologia, é cada vez mais comum o uso de materiais insólitos e revolucionários.
Veja quais são.
Se a fachada de um edifício determina a forma que este tem de comunicar com o entorno, os revestimentos supõem a linguagem através da qual se estabelece esta comunicação.
Apesar de, antigamente, se associarem as fachadas metálicas a edifícios industriais ou a construções pré-fabricadas, é cada vez mais frequente ver revestimentos metálicos em edifícios de uso doméstico. A sua aplicação é fácil e rápida e, para além disso, são fachadas eficientes e funcionais.
Os folheados lisos, ondulados, pré-lacados ou galvanizados podem ser combinados com madeira, betão, gesso ou pedra. Nesta imagem, podemos contemplar a fachada de uma casa en L'Atmella del Vallès do gabinete MIRAG Arquitectura i Gestió. A fachada é rasgada por amplas superfícies envidraçadas que se abrem em paredes brancas protegidas, na parte superior, como uma base invertida, por um folheado ondulado branco.
O aço Corten é um material muito utilizado na arquitectura contemporânea. Apesar da sua cor oxidada, este material oferece uma enorme resistência à corrosão devido à sua capa protectora de óxido resultado da liga entre o cromo e o cobre.
A pedra, nas fachadas, tem sido usada durante toda a História. As diferentes cores e texturas garantidas por este tipo de revestimento emprestam elegância e distinção às paredes. Para além disso, a pedra oferece um bom isolamento térmico e acústico e contra a humidade, assim como resistência e durabilidade, dependendo do tipo escolhido. Os acabamentos são variados e têm tipos de corte diferentes. Nesta casa, o arquitecto revestiu a planta superior com ardósia que se caracteriza pela sua cor escura e resistência. As possibilidades que oferece este material fazem com que a sua aplicação, tanto interior, como exterior, seja ilimitada.
Todos conhecemos as qualidades da madeira no sentido estético e perceptivo: trata-se de um material caloroso e acolhedor. No entanto, este tipo de revestimento tem outras características que exigem uma escolha de material criteriosa. Entre elas, estão a susceptibilidade à humidade, aos raios solares e às mudanças de temperatura. Ainda que a madeira seja usada desde sempre na construção, é necessário aplicar-lhe um acabamento contra xilófagos, fogo, humidade e radiação solar. Uma vez escolhida a madeira adequada, só precisamos de encontrar a aplicação que preferidos: em lâminas verticais, horizontais ou em formatos maiores.
A alvenaria é um sistema tradicional de construção de paredes com materiais de diferentes naturezas: tijolo, pedra ou blocos. Normalmente, essas paredes são estruturais e podem ser erguidas com diferentes técnicas: utilizando argamassa no lugar do barro como elemento de aderência entre as peças ou construindo paredes secas. Elas propiciam um aspecto rural e rústico às casas. Apesar de, actualmente, não ser muito comum o seu uso, podemos encontrar casas cujas paredes são revestidas por pedra, imitando as paredes tradicionais de alvenaria.
A argamassa e o reboco são acabamentos de fachadas tradicionalmente usados em construções. O seu baixo custo e a infinidade de cores e acabamentos fazem deles a solução perfeita para casas e edifícios construídos com paredes de tijolo. Nesta casa, as riscas verdes e brancas de diferentes larguras criam um ritmo diferente e mitigam as fissuras e rachaduras que costumam aparecer neste tipo de revestimento com o tempo.
O betão está a conquistar os edifícios contemporâneos. De diferentes tonalidades – todas entre o cinza e o branco – e texturas, este material não precisa de manutenção, não tem revestimento e é muito duradouro. Nesta imagem, o betão aparente é o protagonista da casa com vãos imponentes e formas minimalistas.
Desde que Mies Van der Rohe utilizou o vidro para construir as fachadas da Casa Farnsworth, este material tornou-se um dos favoritos para projectar fachadas. Em vez de abrir vãos, estas fachadas constituem em si mesmas um grande vão para o exterior. Só as molduras e as partições criam ritmo nestes elementos nos quais a protecção contra o sol e a manutenção são dois factores muito importantes. Neste exemplo, as lajes flutuam
sobre a linha da fachada, projectando uma sombra que protege do sol. Além disso, também criam um terraço a partir do qual se pode limpá-las.